Entrelinhas
A opinião de quem participou do IV Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância

A plateia estava lotada. No salão de eventos do Maksoud Plaza, em São Paulo, mais de 350 pessoas concentravam-se nas palestras e painéis com experts em “parentalidade” e Primeira Infância do Brasil e do mundo. Foi nesse clima de muitas trocas e descobertas que entrevistamos alguns participantes para saber o que estavam achando daqueles dois dias de Simpósio e como todo o conteúdo servirá ao trabalho com a Primeira Infância. Confira.


Miriam Passos, pedagoga, coordenadora pedagógica de creche em Campo Limpo Paulista, SP.

“Achei muito bacanas as informações sobre creches, especialmente relacionadas à infraestrutura não ser um aspecto determinante da qualidade, focando na importância de as pessoas que atuam nesses espaços educativos terem um olhar diferente sobre o que se pode oferecer às crianças. Atualmente, atuo no Comitê que gerencia o ‘Programa São Paulo pela Primeiríssima Infância’, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. Por isso, mudei meu olhar sobre muitas questões. Com o Simpósio, isso se ampliou e quero levar informações novas sobre a Primeira Infância para a creche. Temos envolvido mais os pais e falado da importância dos três primeiros anos de vida, mas sabemos que é um processo lento. No entanto, é preciso insistir nisso. Com os conteúdos do Simpósio sinto-me mais segura e preparada para fazer o meu trabalho com qualidade”.


Renato Zorzo, pediatra, Ribeirão Preto, SP.

“Cheguei aqui por causa de um convite que recebi da Danone, uma das patrocinadoras do Simpósio. Senti-me tocado com vários temas, mas, especialmente, sobre o impacto da saúde pública na vida das pessoas. Trabalho no meu consultório e sinto que, de certa forma, nós, pediatras, acabamos criando uma ‘armadilha’, porque envolvemos muito mais as mães nas consultas e conversas sobre seus filhos. Saio daqui com o propósito de mudar essa postura no meu dia a dia, trazendo o pai para mais perto. Quero envolver toda a família. O Simpósio me surpreendeu. Primeiro porque achei que era mais um evento médico. Segundo pela qualidade dos palestrantes e escolha dos temas. Fiquei muito feliz porque essa multidisciplinaridade me enriqueceu muito. Trocar experiências com outras pessoas, de outras áreas, foi incrível. Este evento é, de longe, o melhor do qual já participei até hoje”.


Lívia Magalhães, terapeuta ocupacional, docente da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

“Participo de uma iniciativa associada à Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. É um projeto de acompanhamento de recém-nascidos prematuros, que completou um ano. Temos a preocupação de facilitar a interação e o apego da mãe com a criança. Para isso, acompanhamos essa relação, com o objetivo de reduzir a ansiedade e o estresse materno. Vim ao Simpósio para conhecer pessoas e outras iniciativas relacionadas ao vínculo parental. A nossa proposta acontece no hospital, por meio de atividades lúdicas com as mães para que tenham espaço para colocar as suas necessidades e preocupações. Chamou-me especial atenção a palestra da Nisha Patel, sobre a importância de se cuidar de duas gerações, e da Alicia Matijasevich, que dá informações importantes sobre a depressão materna e seu impacto de longo prazo na vida da criança. Também gostei bastante do material de estimulação apresentado pela Ruth Perou, uma fonte riquíssima de subsídios para potencializar o nosso trabalho”.


Derli de Oliveira, assistente social do Centro de Referência do Tratamento de DST/Aids (CRTA), São Paulo, SP.

“Estou aqui graças à bolsa oferecida pela FMCSV. Trabalho no ambulatório de pediatria do CRTA, por isso, tudo sobre a Primeira Infância me interessa. Este ano o tema também tem a ver com minha atuação. Conhecer projetos e visões diferentes sobre os vínculos familiares é essencial, porque, muitas vezes, a gente se esquece de olhar para os pais da forma que eles necessitam. Eu visito as famílias das crianças portadoras da Aids e o tema é a medicalização. Acabo ficando no nível da cobrança – se deu ou não o remédio certo. Quero mudar essa dinâmica. Por isso, as palestras que trataram das visitas domiciliares me interessaram muito e trouxeram vários conteúdos que eu desconhecia. Também percebo que a rede de assistência que temos é ineficaz. Ela precisa ser melhorada, unindo iniciativas da Saúde, da Educação e também dos conselhos tutelares. Essa integração é fundamental”.


Maria Regina Baroni, gerente de programas do Instituto Ayrton Senna, São Paulo, SP.

“Trabalho com programas de correção de fluxo, ou seja, aqueles que ajudam alunos atrasados, repetentes, a chegarem mais próximos do ano escolar correspondente a sua idade. Com o que pude apreender aqui, será possível incentivar e sistematizar as visitas domiciliares pelos supervisores, nos casos de alunos com faltas consecutivas às aulas. Também poderemos sugerir, de forma estruturada, temas relevantes a serem abordados nas reuniões de pais que visem a aproximação entre pais e filhos e a melhoria da aprendizagem”.


David Moisés, jornalista, co-autor do livro e blog “Prepare as Crianças para o Mundo”, São Paulo, SP.

“O conjunto de experiências apresentadas no Simpósio permite ver, de uma só vez, as possibilidades de ação nas diferentes áreas e o compromisso crescente da sociedade com a Primeira Infância. Ver tantos atores relevantes nesse esforço multidisciplinar e multissetorial é também um grande estímulo para o trabalho de cada um de nós. Esse é um retrato de valor histórico, que mostra uma compreensão da importância estratégica do cuidado à criança, repleto de desafios”.

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