Entrelinhas
“Fundamentos do Desenvolvimento Infantil – da gestação aos três anos” explica como as relações interferem no presente e futuro do bebê

O livro, publicado pela FMCSV, é campeão de download do acervo digital disponibilizado no site da organização. Até o fechamento deste boletim, foram 21 mil acessos desde quando foi publicado, em 2012. Não é para menos. A obra traz informações completas, baseadas em achados científicos, sobre tudo o que acontece com a criança, desde sua experiência no útero até os três anos de idade, fase considerada decisiva na formação do indivíduo, contribuindo – ou não – ao sucesso na vida adulta em todos os âmbitos de sua existência.

O segundo capítulo do livro, “Desenvolvimento Infantil”, escrito por Saul Cypel, neurologista infantil renomado, dedica-se a mostrar como as primeiras relações interpessoais são determinantes ao desenvolvimento neurobiológico do indivíduo. Ou seja, como as vivências do bebê, nos três primeiros anos de vida – desde o útero até as experiências externas, na família, na creche etc. –, podem afetar a formação do cérebro, as conexões entre os neurônios.

Na fase uterina, o encéfalo passa por várias transformações estruturais. Quando a criança nasce, seu cérebro já está bastante constituído, pronto para iniciar as interações com o mundo.

Por um bom tempo, o bebê depende totalmente do adulto, especialmente da mãe, que é a primeira pessoa com quem ele estabelece um vínculo. Caso essas primeiras interações não sejam de qualidade, o desenvolvimento intelectual e emocional do bebê poderá ser prejudicado, impedindo que a criança construa, aos poucos, a sua autonomia.

As relações e a moldagem do cérebro

O que os especialistas afirmam é que conforme as relações com as pessoas e o ambiente acontecem, o comportamento do bebê vai sendo definido ou modificado e, ao mesmo tempo, os circuitos cerebrais são modelados.

Um exemplo: se o recém-nascido não é acolhido devidamente pela mãe ou tem de viver em um ambiente hostil, provavelmente ele se tornará uma criança insegura.

“Deve ressaltar-se que as vivências emocionais desses tempos iniciais de vida serão determinantes para o começo da organização das redes neuronais funcionais, essenciais na adequação e expressão dos comportamentos e ações futuras e no desenvolvimento da capacidade de pensar”, relata um trecho do livro.

Ao mesmo tempo, a obra ressalta que, durante a sua trajetória de vida, a criança não pode apenas vivenciar o prazer, mas, também, precisa da frustração (o “não”). Por isso que uma relação qualificada com a mãe é tão essencial. Ela é capaz de colocar o bebê em contato com uma série de sentimentos, que serão experimentados ao longo da vida, como presença, ausência, perda, dentre outros.

Essas experiências mais a assimilação de limites e da disciplina é que ajudarão a criança a desenvolver a independência e a autonomia. Por isso a rotina familiar tem papel essencial nesse processo - a hora de dormir, de tomar banho, a frequência do mamar.

Na parte final do capítulo, doutor Saul Cypel comenta quais os sintomas apresentados pelo bebê que experimentou relações interpessoais, especialmente com a mãe e o pai, sem qualidade: voracidade e frequência das mamadas, irritabilidade, dificuldade para dormir, choro excessivo, dentre outros.

O que se conclui, em termos gerais, é que se a criança tiver boas relações e viver em um ambiente favorável, suas bases funcionais podem ser sadias, viabilizando as aquisições necessárias para seu bom desenvolvimento, desde as mais simples, no começo da vida, até as mais complexas, na fase adulta, para que exerça plenamente a sua capacidade de pensar e suas funções executivas.

Leia o capítulo na íntegra e tenha acesso ao livro, fazendo aqui o download gratuito da publicação.

< voltar
 
 
BOLETIM © FUNDAÇÃO MARIA CECÍLIA SOUTO VIDIGAL – Rua Fidêncio Ramos, 195, cj.42
Vila Olímpia – 04551-010 – São Paulo/SP | fmcsv@fmcsv.org.br | 55 11 3330-2888 | 55 11 3079-2888