Palavra da Fundação
O que eu gostaria de ter dito naquela noite

Na noite de seis de maio último, eu estava em Washington/EUA, na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento, mais conhecido como BID. Estava em um grande auditório, muito cheio, ocupado por pessoas de diversas partes do mundo com uma coisa em comum: a vontade de proporcionar melhores condições de desenvolvimento para as crianças da América Latina e do Caribe. No palco, figuras muito representativas. Entre elas, o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, e a ex-secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

Depois de quase um dia inteiro de cerimônia (que para mim pareceu uma eternidade), eu e nossos parceiros no projeto Primeiríssima Infância (Lígia Maria Bestetti, representante da Secretaria de Saúde de SP, o prefeito de Itupeva e o de Itatiba) já estávamos nos sentindo no OSCAR, tamanha era a expectativa. A verdade é que estávamos preocupados. No palco, ao longo do dia, especialistas de todas as regiões da América Latina já tinham discutido sobre a Primeira Infância, mas nenhum deles era brasileiro. Parecia que não era a nossa vez de ganhar nada.

Por fim, começaram a anunciar os finalistas para o prêmio Alas-BID de inovação voltada à Primeira Infância. Para cada um, foi apresentado um pequeno vídeo e, lá, tão longe do Brasil, comecei a ver as imagens que me são tão familiares. Crianças em uma creche de Itupeva brincando, correndo, chorando... enquanto uma voz em inglês tentava explicar como funciona o programa Primeiríssima Infância. De repente, o envelope foi aberto e veio a fala: “The winner is Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (o vencedor é a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal)”. Eu sabia que deveria levantar e ir até o palco, receber o prêmio, ouvir os aplausos, tirar uma foto com o troféu e voltar para o meu lugar. Mas não era isso que eu queria fazer.


Eu queria pegar o microfone e dizer, antes de tudo, que não era justo que, da equipe da FMCSV, apenas eu estivesse ali. As pessoas que ajudaram a conceber o Programa Primeiríssima Infância deveriam estar comigo. As pessoas que conseguiram colocar em prática, que estiveram dispostos a errar e corrigir, que tiveram a coragem de sonhar e realizar, também deveriam estar ali.

Tão pouco era justo que apenas dois prefeitos de municípios paulistas estivessem lá. Foram tantos prefeitos que se dispuseram a enfrentar o desafio de testar um novo programa intersetorial em suas cidades. Tantos secretários foram envolvidos e compraram a ideia. Tantos gestores públicos abriram tempo em suas agendas, abriram mão de outras iniciativas, abriram a mente para novas práticas. E, todos eles mereciam estar ao nosso lado.

E o que dizer dos profissionais da Educação, da Saúde, da Assistência Social? Eu estava feliz por ver a articuladora da Atenção Básica do estado de São Paulo comigo, mas queria mais. Queria ver as enfermeiras, as professoras de creches, os agentes comunitários, os assistentes sociais, os médicos e psicólogos, as parteiras e as doulas. Queria os membros de todos os Comitês Municipais e também as articuladoras. Todas aquelas pessoas apaixonadas pela causa, cujo brilho nos olhos e calor no coração levaram o Programa Primeiríssima Infância até um palco iluminado.

E eu estava lá para dizer para todos: “Muito obrigado. Muito obrigado por todos vocês, que acreditam e lutam para fazer um Brasil melhor por meio das crianças pequenas do Brasil”.

Eduardo de C. Queiroz
Diretor - Presidente

 

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