O novo formato pressupõe a participação efetiva dos representantes dos municípios na coleta e análise dos dados e na definição da pontuação em cada um dos 44 indicadores do sistema. Antes essas atividades eram realizadas por consultores externos e pela equipe da FMCSV.
Uma avaliação participativa
Um dos aspectos que ganhou nova dimensão é o questionário aplicado junto à população da cidade. Os representantes municipais fazem a coleta diretamente e, já a partir da realização das entrevistas, passam a refletir sobre suas práticas. Esse processo é concluído no Seminário de Avaliação Participativa.
“Essa mudança é muito positiva. Antes, nós trazíamos as análises e dialogávamos com os gestores e técnicos, que muitas vezes não estavam tão apropriados dos indicadores e do contexto da avaliação. Hoje as pessoas têm contato direto com esses resultados, já que cabe a elas colhê-los e analisá-los, tendo em mãos um produto gerado pela própria comunidade”, ressalta Gabriela Pluciennik, Coordenadora de Programas da FMCSV.
Para a realização desse modelo de avaliação participativa é necessária a atuação de um facilitador responsável pela intermediação das conversas durante o processo. Essa pessoa tem de ser capacitada pela FMCSV para apropriar-se da metodologia.
O teste que verificou a efetividade do novo instrumento começou em novembro de 2013, prolongando-se até meados de dezembro. Nesse período, os dados foram colhidos nas unidades de Saúde e nas creches das cidades de Coroados, de cinco mil habitantes, e Promissão, de quarenta mil habitantes.
Após essa fase, foi realizado um “Seminário de Avaliação Participativa” no qual representantes dos dois municípios analisaram as informações captadas e discutiram os 44 indicadores do sistema de avaliação. Participaram do evento técnicos e gestores das áreas de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, ONGs e outras entidades relacionadas à Primeira Infância.
Os 44 indicadores mensuram a atenção à Primeira Infância nas três áreas de assistência: Saúde, Educação e Desenvolvimento Social.
Como exemplos desses indicadores vale ressaltar os que analisam se os profissionais da Saúde estimulam o envolvimento dos maridos/companheiros no pré-natal de suas mulheres; se os profissionais de Educação Infantil fazem uso do brincar e do cuidar como oportunidades para promover o desenvolvimento infantil; e se profissionais do Desenvolvimento Social identificam e apoiam famílias mais vulneráveis com gestantes e crianças de zero a três anos.
Cada cidade saiu do Seminário com os resultados de cada indicador, identificando objetivamente como é a realidade da rede de cuidados da criança pequena naqueles municípios.
O interessante é que a iniciativa de se criar um novo modelo de avaliação partiu do desejo das duas cidades em saber, de fato, a qualidade e a abrangência dos serviços que prestam à gestante e a criança de zero a três anos, tendo como base os bons resultados do Programa na cidade vizinha de Penápolis. “É recompensador perceber que o nosso trabalho em Penápolis gerou frutos em outros municípios da região e que podemos oferecer uma ferramenta ainda mais eficaz para a qualificação da atuação em favor da Primeira Infância”, conclui Gabriela.
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