Para exemplificar que tipo de avaliação é essa, a especialista fala do papel do chef. “Ele não só dá aula para outros chefs como também analisa onde seus alunos atuam, o que é esperado do trabalho deles, faz adaptações a diferentes contextos”. E complementa: “Em uma avaliação do desenvolvimento, todos chegam às principais perguntas que devem ser feitas durante o treinamento, o que nos leva a outra conexão: avaliação e planejamento estratégico”.
É preciso definir objetivos, pensar em um plano de ação, implementar e avaliar os resultados. Por isso, a estratégia tem de ser adaptável e aplicada paralelamente à avaliação em desenvolvimento. Ou seja, as duas ações se retroalimentam.
Beverly propôs aos participantes do Simpósio uma atividade concreta, que mostra como esses pontos da estrutura da avaliação podem ser construídos. Todos tiveram acesso a uma planilha (que você também pode conhecer na página 31 da apresentação da palestrante, clicando aqui) para completá-la, individualmente e, em outros momentos, em duplas, a partir das orientações que Beverly deu durante sua exposição.
Com esse quadro, é possível ver todo o cenário, monitorar a estratégia e a avaliação simultaneamente, mapear as ações dos parceiros, dar transparência às ações realizadas e acompanhar a evolução de todo o processo ao longo do tempo.
A planilha se divide em quatro passos:
1. Articular a inovação social usando o que já existe. Conhecer as normas vigentes, as políticas, a infraestrutura que podem alavancar mudanças.
2. Identificar os pontos de influência sistêmica (os domínios relevantes da ecologia social, sejam no nível individual, sejam no nível da comunidade). Para isso, na experiência realizada com um programa de proteção à criança, por exemplo, coletaram-se dados das famílias, dos vizinhos, das organizações locais e atores da sociedade e monitorou-se, o tempo todo, as capacidades dessas pessoas e organizações para avaliar como estavam operando em favor dessa proteção.
3. Identificar as mudanças ao longo do tempo (medir onde estamos e aonde queremos chegar). Testar inovações em todo o sistema, de forma articulada, definindo as mudanças necessárias até chegar ao ponto crítico, que é o da mudança do paradigma para construir um novo olhar. Criar meios para dar escala ao que tem sido feito, alcançando um equilíbrio que permita a sustentabilidade das intervenções. Os ajustes das mudanças são permanentes, até que seja necessário reiniciar todo o ciclo.
4. Identificar os benefícios sociais (onde devemos nos concentrar e quais serão nossas intervenções e avaliações). Qualquer que seja a escala, é preciso ter ferramentas para medir o que tem sido feito. E o que medir depende da escala da intervenção. É preciso subdividir os benefícios para medir essas intervenções.
Beverly alerta também que as avaliações precisam prever recursos para medir o inesperado, por meio de abordagens informais (conversas, perguntas).
Ela fala especificamente das avaliações na Primeira Infância e diz que há várias maneiras de realizá-las. No entanto, “às vezes querem ter medidas estruturadas e fazer a mesma coisa com todas as crianças. Em outras, a opção é por instrumentos mais informais, como conversas e observações. Existe uma pertinente preocupação em não rotular a criança ou como medir a mudança em um momento precoce da vida. Mas, em sua maioria, há uma grande necessidade de medir, medir... Antes de qualquer coisa, é preciso saber o que vai ser feito com os resultados da avaliação, quanto vão dedicar de recursos. Perguntas essenciais para definir a qualidade do instrumento”, conclui.
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