Aconteceu Aqui
Inovação para a solução de problemas complexos

No segundo painel do dia, o debate girou em torno do uso da inovação para superar questões complexas de programas e políticas públicas em grande escala.

Mille Bojer, sócia-fundadora da Reos Partners e uma das criadoras do Pioneers of Change, uma comunidade de aprendizagem formada por jovens de todo o mundo, compartilhou com a plateia as experiências vivenciadas na África do Sul com vários stakeholders (o público estratégico) para trabalhar os desafios de HIV/AIDS, doença que gerou muitos órfãos naquele País. Mille trouxe à discussão, “Processos colaborativos para inovação social: experiências e aprendizados” a partir do Programa LINC (Laboratório de Inovação para Órfãos e Crianças Vulneráveis).

À Karlee Silver coube falar sobre “Inovação Integrada: a experiência do Grand Challenges Canada”. Karlee é Diretora do Targeted Challenges e lidera os programas Saving Lives at Birth, Saving Brains e Global Mental Health, acumulando ampla experiência em saúde global.



Mille começou sua exposição afirmando que “muitos desafios acabam tendo respostas prontas, mas, às vezes, entramos em um ciclo de reação cujas formas usadas podem não mudar mais as situações. As respostas antigas não funcionam mais”.

Por isso, ela entende que é primordial aprofundar-se melhor no tema e entender o que está por trás. Depois disso, empreender mudanças na intervenção naquilo que é essencial para, então, buscar novas respostas.

Para Mille, há três dimensões de problemas sociais complexos. A primeira é da complexidade dinâmica, com diversidade de fatores interdependentes e impacto diferenciado através do tempo. Para esta dimensão são necessárias soluções sistêmicas.

A segunda dimensão é da complexidade generativa em que os benefícios entregues não surtiram bons resultados. Neste caso, as soluções têm de ser criativas.

Por último, existe a dimensão de complexidade social que, por conta da diversidade de perspectivas, precisa ser olhada e trabalhada por todos os autores envolvidos. Por isso, é essencial construir soluções participativas.

“Inovação é dar vida à ideia por meio da ação. A criatividade pode ser individual, mas a inovação requer colaboração”, explica Mille.

O Programa LINC trouxe muitos aprendizados nesse sentido. No micro universo do Programa, construíram-se novos relacionamentos, mais conhecimento e capacidade de inovação. No universo mediano, houve o fortalecimento da rede multissetorial, a elaboração de novos projetos e a formação de novas lideranças. No universo macro, constatou-se a melhoria dos relacionamentos intersetoriais e a inovação nos serviços prestados ao público-alvo. E a grande transformação, segundo Mille, foi na forma de pensar a colaboração e o olhar sobre a criança, envolvendo-a no processo de mudança.

É importante, nesse processo, valorizar todos os tipos de inovação: as intencionais (que geram um novo comprometimento com a causa), as relacionais (que fortalecem as parcerias) e as intelectuais (que partem da criatividade para gerar novas intervenções).

Por isso, todo processo de elaboração de inovações necessita de espaço para uma testagem segura e uma fase da prototipagem em que se crie a ideia, ela seja revisada, testada, novamente revisada, redesenhada, testada... Em um contínuo processo de aprimoramento.

Mille Bojer compartilhou mais informações, que você confere aqui.

Na segunda parte do painel, Karlee Silver, do Canadá, começou sua explanação dizendo que muitos dos desafios sociais não podem ser abordados isoladamente. Por isso, é preciso habilitar ações coletivas e usar a inovação para transformar as realidades.

E duas questões pautaram a conversa: como incentivar ideias ousadas e a sustentabilidade delas? Como fazer a transição e a escala?

Na experiência de Karlee, como Diretora do Targeted Challenges, “financiamos inovadores de países de renda média e baixa; incentivamos a integração da inovação; buscamos catalisar o impacto da escala e da sustentabilidade; construímos estruturas que se reportam a nós e aos gestores, mostrando como as ações impactam positivamente a sociedade”.

Uma das iniciativas da Grand Challenges Canada reúne, a cada seis meses, inovadores do mundo todo para participar de um curso e falar de problemas e soluções de saúde para o Planeta. Também incentivam comunidades pequenas, de até cem pessoas, focadas no mesmo desafio, a se reunirem para a troca de ideias, de experiências de fracasso e conquista.

Existe também a preocupação em encontrar empresas que possam ajudar a criar e viabilizar soluções e plataformas de governança de países que queiram enfrentar os problemas sociais.

Para as boas inovações, a Grand Challenges Canada criou um ecossistema de financiamento, que tem valores diferenciados para cada fase de criação e implantação. Na primeira, que dura até 24 meses, a inovação é 100% financiada para que a ideia seja testada e se confirmem sua eficácia e sustentação. As duas fases seguintes também recebem aportes de recursos para que a escala possa acontecer.

“Para dar certo, a inovação precisa ser integrada: científica, tecnológica, social e de negócios”, concluiu Karlee Silver. Para ver esta apresentação, basta você clicar aqui.

 

< voltar
 
 
BOLETIM © FUNDAÇÃO MARIA CECÍLIA SOUTO VIDIGAL – Rua Fidêncio Ramos, 195, cj.42
Vila Olímpia – 04551-010 – São Paulo/SP | fmcsv@fmcsv.org.br | 55 11 3330-2888 | 55 11 3079-2888