Aconteceu Aqui
Planejando o processo de escala

No primeiro dia do Simpósio, coube ao economista Richard Kohl iniciar as reflexões sobre implementação de projetos sociais em grande escala. Para isso, contou com a mediação do também economista Naércio Menezes Filho, Coordenador do Centro de Políticas Públicas (CPP) do Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa.

Conhecido no mundo todo por seu trabalho relacionado à escalabilidade de projetos e programas da saúde pública, educação, desenvolvimento da Primeira Infância, redução da pobreza, dentre outros temas sociais, Kohl é também fundador e presidente do Center for Large Scale Social Change (CLSSC).

Durante sua apresentação, ele denominou o cenário brasileiro atual como uma “perigosa oportunidade”, já que os investimentos públicos existem para programas e políticas públicas voltados à Primeira Infância. A questão é como lançar mão desses recursos para que sirvam aos reais objetivos e às necessidades da criança pequena.

Para ele, os especialistas em Primeira Infância precisam ter clareza de quais intervenções são realmente importantes, qual a capacidade para implantá-las e quais atores estarão envolvidos nesse processo, de forma que entendam e aceitem o seu papel, abraçando a bandeira da infância.



Aliás, para Kohl, um dos erros mais comuns é não dedicar tempo necessário à criação de uma ambiência de envolvimento e compromisso com a causa junto aos que serão responsáveis pela implementação e sustentabilidade dos programas em larga escala. “Treinamento técnico é importante, mas não é o suficiente para garantir mais eficiência”, declara.

Segundo Kohl, a palavra de ordem para quem pretende fazer escala é o pragmatismo.

Também é preciso entender que não existe uma fórmula única para a escalabilidade.

As estratégias devem ser pensadas de acordo com as características da intervenção que se pretende realizar. Ou seja, é importante ter respostas concretas a questões como: qual o universo dessa escala? Uma cidade? Um estado? O país? Em que contexto estão as pessoas que serão beneficiadas pelas intervenções? Quais serão os mecanismos de entrega dos benefícios das intervenções? Quem vai financiar, implementar e entregar o programa?

Richard Kohl também alerta para a aplicabilidade de propostas que são inicialmente pensadas para comunidades menores e, depois, adaptadas a universos mais amplos.

“Quando se pensa em dar escala nacional a uma intervenção elaborada para uma favela, por exemplo, é preciso ter em mente que o programa passará por mudanças e as questões constitucionais vigentes também terão de ser avaliadas para a viabilização dessa ampliação”.

Ele também chama atenção à complexidade dos modelos. “Quanto maior a escala, mais simples tem de ser o modelo, menos complexo precisa ser o escopo do programa”.

Para garantir a sustentabilidade dos programas ou políticas, Kohl sugere três passos. O primeiro é gerar não só evidências, mas demonstrar a capacidade de generalizar a intervenção. “Não só se funciona, mas onde funciona, porque funciona e quem a opera”.

O segundo passo é avaliar por quais mudanças e simplificações a proposta tem de passar para se tornar sustentável. Por último, convencer as partes interessadas a aprovar de onde virão os recursos (poder público ou empresas) e quem vai gerenciar todo o processo (ONGs ou universidades).

É essencial que haja um acompanhamento permanente que aponte onde mudanças precisam ser feitas durante o processo, assim como avaliações de impacto e de escalabilidade que prevejam premissas externas, que variam de região para região.

Para Kohl, qualquer proposta deve partir de um projeto piloto, cuja implementação aconteça em fases. Dessa forma, todos os envolvidos aprenderão em cada estágio. Por isso, os feedbacks dos executores (ONGs, fundações) e beneficiários têm de ser monitorados.

O economista recomenda, também, a realização de fóruns com o poder público para que as prioridades estejam bem definidas e todo o sistema permaneça alinhado.

Para saber mais e ter acesso à apresentação de Richard Kohl, clique aqui.

 

< voltar
 
 
BOLETIM © FUNDAÇÃO MARIA CECÍLIA SOUTO VIDIGAL – Rua Fidêncio Ramos, 195, cj.42
Vila Olímpia – 04551-010 – São Paulo/SP | fmcsv@fmcsv.org.br | 55 11 3330-2888 | 55 11 3079-2888