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Avaliação do Programa Primeiríssima Infância mede os benefícios trazidos por quatro anos de trabalho


O Programa Primeiríssima Infância foi criado em 2009 para mobilizar a sociedade em favor da Primeira Infância e qualificar os serviços de atenção às gestantes e crianças de zero a três anos e suas famílias, garantindo ações que promovam o desenvolvimento infantil.

Naquele ano, a Fundação estabeleceu parceria de quatro anos com quatro municípios de São Paulo (Itupeva, Penápolis, São Carlos e Votuporanga). Deu-se, assim, o pontapé inicial à implantação do Programa, com capacitação de profissionais das áreas de Saúde, Educação e Promoção Social, encontros entre as equipes dos projetos locais para trocas de experiência, ações de mobilização social em torno da causa, dentre outras atividades previstas no escopo do Programa.

Durante os quatro anos, a Fundação esteve sempre ao lado das equipes dos municípios e realizou duas avaliações para reforçar estratégias e melhorar processos.



Em 2011, a FMCSV iniciou uma parceria com Organização Social Santa Catarina (OSSC), no distrito de Cidade Ademar, SP, em que o modelo do Programa Primeiríssima Infância foi adaptado para contemplar as especificidades do parceiro, abrangendo quatro unidades de Saúde.

No final de 2012 e início de 2013, com o fim do convênio entre a Fundação, os quatro municípios e a OS Santa Catarina, foi realizada uma avaliação final que analisou o desempenho geral do Primeiríssima, enfatizando as áreas nas quais o Programa conseguiu produzir bons resultados, os aspectos onde os avanços foram limitados, e, também, aprendizagens colhidas durante todo o processo.

As conclusões da avaliação têm sido utilizadas pelos municípios e pela OS Santa Catarina para novas ações, focando os aspectos nos quais ainda é preciso gerar mudanças para garantir o melhor atendimento à gestante e à criança pequena. Também subsidiaram a FMCSV para aperfeiçoar e ajustar estratégias que garantam a aplicação do Primeiríssima em grande escala.

O que mudou e o que pode melhorar ainda mais

A avaliação realizada nos municípios baseou-se em oito dimensões nas quais o Primeiríssima tem potencial para promover mudanças positivas:

1. Profissionais de Saúde, Educação e Promoção Social preparados para atuar de maneira eficaz na promoção do desenvolvimento infantil.

2. Serviços de atenção ao pré-natal têm qualidade e assimilam o enfoque do desenvolvimento infantil.

3. Serviços de atenção à puericultura têm qualidade e assimilam o enfoque do desenvolvimento infantil.

4. Serviços de atenção ao parto e ao puerpério têm qualidade e assimilam o enfoque do desenvolvimento infantil.

5. Serviços de educação infantil têm qualidade e assimilam o enfoque do desenvolvimento infantil.

6. Espaços lúdicos comunitários e em equipamentos públicos de saúde e assistência social têm qualidade e assimilam o enfoque do desenvolvimento infantil.

7. Mães, pais e cuidadores estão preparados para ajudar suas crianças a se desenvolverem plenamente.

8. A sociedade e o poder público estão mobilizados em prol do desenvolvimento infantil.

Dentro dessas dimensões foram estabelecidos cinquenta indicadores para detectar em que nível e de que forma cada uma delas sofreu interferências.

O que se observou é que o Programa conseguiu contribuir para mudanças positivas em todos os níveis, com diferentes graus de avanço. Tiveram destaques as dimensões que trataram do estabelecimento de espaços lúdicos de qualidade para crianças de zero a três anos e seus familiares e a da mobilização da sociedade e gestores públicos em favor da Primeira Infância.

Uma conquista especialmente importante está relacionada aos profissionais que atuam na Educação Infantil, que, em sua maioria, passaram a adotar ações mais coerentes com os objetivos do Programa, tendo especial dedicação a uma prática pedagógica que promova a autonomia da criança, o brincar e o cuidado como oportunidade de estímulo ao desenvolvimento. Houve também um fortalecimento entre a comunicação das creches com as famílias e a participação das famílias nas atividades das creches.

Na área da Saúde não foi diferente. As ações do Programa contribuíram para que um número importante de profissionais passasse a avaliar, de forma mais efetiva, a rede de suporte proporcionada às gestantes e mães de crianças pequenas. Essa maioria também se dedicou a estimular o envolvimento do pai tanto no pré-natal como nos cuidados com o bebê durante os primeiros anos de vida, além de orientar as gestantes para reconhecerem os sinais de perigo durante a gravidez e procurarem a ajuda necessária. Em contrapartida, muitas mães declararam que se sentiram mais acolhidas pelos profissionais da área.

Mudanças de posturas e procedimentos impactaram positivamente as crianças, já que o número de bebês que nasceram saudáveis (sem a necessidade de atenção médica de emergência), e que foram levados à amamentação ainda na sala de parto durante a primeira hora após o nascimento, aumentou em diversas maternidades que participaram do Programa.

Vale destacar outro resultado: um número expressivo de profissionais da Saúde, Educação e Promoção Social passou a orientar gestantes, mães e pais sobre a importância do estabelecimento do vínculo com seus bebês, assim como a prática de uma estimulação adequada para o desenvolvimento da criança pequena.

A comunidade também foi impactada com ações de mobilização e conscientização como a Semana do Bebê, o dia da engatinhata, o dia da família, palestras e workshops.

Apesar dos resultados observados, alguns aspectos ainda precisam de uma atenção especial, porque não avançaram o suficiente para garantir o cumprimento dos objetivos do Programa.

Com os dados obtidos pela avaliação, as cidades poderão dedicar-se às questões cujos avanços foram menos expressivos, como uma maior atenção ao agendamento da primeira consulta do puerpério para orientação às mães sobre a importância da amamentação exclusiva até os seis meses e avaliação do vínculo com seus bebês.

Outros aspectos que também merecem investimento são um melhor diagnóstico e encaminhamento de casos de maus tratos, maior apoio às gestantes e pais adolescentes, e elaboração de mais protocolos que integrem as diferentes áreas de atenção à gestante e criança pequena.

Os resultados apontam que muita coisa mudou. Também indicam qual o caminho a ser percorrido pelas novas gestões municipais. Agora, é arregaçar as mangas e seguir em frente para alcançar um único objetivo: o desenvolvimento integral e integrado da criança pequena.

 


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