Sandra revela dados e pesquisas para embasar suas afirmações e defender a integração
dos setores onde a criança está inserida, antes mesmo de seu nascimento: a família,
a casa e a comunidade.
Ela ressalta o quanto esses ambientes podem influenciar na formação sadia do cérebro,
que passa por um amplo desenvolvimento nos três primeiros anos de vida. “As maneiras
como os pais, as famílias e outros cuidadores irão relacionar-se com as crianças
pequenas, assim como a mediação que fazem entre a criança e o ambiente, poderão
afetar diretamente os circuitos neurais”, afirma. E é com base nessa realidade que
as políticas públicas e práticas voltadas à primeira infância precisam ser estruturadas
e integradas, garantindo a definição de objetivos comuns, com a participação da
unidade de saúde e de educação nas redes sociais, tendo como foco a criança a partir
da família.
A linha da vida
Nas páginas seguintes, a autora descreve a chegada do bebê ao sistema de saúde e
como este deve acompanhá-lo em seu desenvolvimento, criando, desde o início, um
vínculo afetivo e de cooperação com o núcleo familiar.
Para que todos os atores possam dar conta de um monitoramento eficaz, Sandra sugere
uma especial atenção à Linha de Cuidado, que ela define como “o conjunto de saberes,
tecnologias e recursos necessários ao enfrentamento de riscos, agravos ou condições
específicas do ciclo de vida, a ser ofertado de forma articulada por um dado sistema
de saúde”. E segmenta essa linha nas fases e ações essenciais para a garantia de
um desenvolvimento integral e integrado do ser humano.
Essa inserção no sistema começa com o nascimento e as condições em que ele acontece
– condições estas que Sandra enumera e discute no capítulo. Uma boa parte de suas
reflexões está no tema aleitamento materno, contendo dados importantes para nortear
o trabalho prático e de conscientização dos profissionais da área.
Os outros marcos da Linha de Cuidado, discutidos pela autora, são o incentivo e
a qualificação para acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da criança, a alimentação
saudável, o combate à desnutrição e anemias, a imunização (calendário de vacinação),
a atenção às doenças prevalentes (como diarreia, sífilis, rubéola, HIV/Aids), a
atenção à saúde bucal, a atenção à saúde mental e a prevenção de acidentes, maus
tratos/violência e trabalho infantil.
Com esse rico material, uma verdadeira bússola para aqueles que se dedicam ao bem-estar
de meninos e meninas em todo o País, é possível atuar efetivamente para alcançar
o que o trecho final do capítulo apregoa: “Um bom começo de vida, cuidados oportunos
e relações positivas com vínculos seguros formam a base para um bom desenvolvimento
individual e para a real mudança no mundo, contribuindo para uma verdadeira cultura
de paz e bem-estar entre as pessoas”. Então, que assim seja!
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