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O desafio de formar líderes desde o berço
 

Regiane de Oliveira (roliveira@brasileconomico.com.br) 
16/5/12

Brasil começa a dar mais atenção à educação na primeira infância.

O governo federal começou nesta semana uma nova cruzada visando melhorar as ações públicas para a primeira infância, com o lançamento do programa Brasil Carinhoso, que visa garantir renda mínima mensal de R$ 70 por pessoa a famílias pobres e saúde e educação para crianças de 0 a 6 seis anos.

O programa tem como base evidências científicas de que os investimentos na primeira infância ajudam a criança a desenvolver as habilidades cognitivas necessárias para competir no futuro. São teorias como a do americano James Heckman, prêmio Nobel em Economia em 2000, que afirma que as políticas de primeira infância têm retorno mais claro e ajuda a tornar os demais esforços mais efetivos. Heckman defende esta tese há pelo menos dez anos.

"O Brasil está resgatando uma linha de inovação que é utilizada na Inglaterra há quatro anos", afirma o médico Saul Cypel, consultor da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), que atua no desenvolvimento infantil.

Por isso, o investimento vem bem em tempo. Apesar do foco do governo nas crianças pobres, Cypel garante que ser pai e mãe é algo que muitas pessoas da elite também não sabem o que significa. "O acesso à informação é tão importante quanto os recursos."

A fundação atua com projetos de intervenção social com a finalidade de estimular profissionais a incorporarem práticas que levem à promoção do desenvolvimento da primeira infância.

Dentre os projetos, estão um curso de especialização em Desenvolvimento Infantil, realizado em conjunto com a Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, uma parceria com o Canal Futura para a realização de programas voltados para educadores e mesmo a tradução de publicações.

"A iniciativa do governo é corajosa. Construir creche é positivo, mas só isso não resolve o problema", alerta Eduardo Queiroz, diretor presidente da FMCSV. "Os dados do governo mostram um déficit de 20 mil creches, que não vai ser sanado rapidamente", diz. Até mesmo porque o governo leva em média 3 anos para conseguir construir uma creche.

Queiroz defende que trabalhos que mobilizem a sociedade são fundamentais para que os esforços do governo tenham aderência, bem como a transparência das informações. "No orçamento federal não é possível saber quanto se investe em primeira infância, porque só temos os dados de educação. Falta saber quanto é aplicado em saúde e assistência social", diz.

Segundo dados do Contas Abertas, em 2009 o governo investiu R$ 9,6 bilhões na educação infantil, ou 5,7% do total aplicado em educação no país.

O valor é pequeno perto da demanda. Para atender às metas do Plano Nacional da Educação, que tramita no Congresso, o Ministério da Educação calcula um valor de R$ 2.252,00 por aluno, enquanto a Campanha Nacional pelo Direito à Educação prevê que são necessários investimentos de R$ 6.450,70 por criança ao ano.

"O Brasil fez investimentos às avessas. Primeiro no superior, médio, fundamental, para chegar à primeira infância. Em outros países, como a Coreia do Sul foi o contrário", compara Saul Cypel. 

(para ver a matéria original clique aqui)

 

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